Posted: 08 Jul 2015 02:03 PM PDT

A capa histórica do Jornal Extra retrata o atraso da sociedade brasileira em pleno século XXI (Extra/Reprodução)
Em sua edição desta quarta-feira 8, o jornal Extra,
do Rio de Janeiro, fez uma dura crítica à sociedade brasileira, uma na
qual vicejam justiçamentos com as próprias mãos, prática apoiada por
grandes contingentes da população, inclusive da imprensa. Ao noticiar o linchamento de Cleidenilson da Silva,
na periferia da capital do Maranhão, São Luís, o jornal fez uma
comparação entre a situação atual do País e a vivida no período da
escravidão.
“Os 200 anos entre as duas cenas acima servem de reflexão: evoluímos ou regredimos?”, questionou o Extra,
que pertence Grupo Globo, ao exibir a imagem de um escravo sendo
açoitado e a deCleidenilson, que foi despido, amarrado a um poste e
espancado com socos, chutes, pedradas e garrafadas após uma tentativa de
assalto na segunda-feira 6, em São Cristóvão, bairro de São Luís.
“Se antes os escravos eram
chamados à praça para verem com os próprios olhos o corretivo que
poupava apenas os ‘homens de sangue azul, juízes, clero, oficiais e
vereadores’, hoje avançamos para trás. Cleidenilson da Silva, de 29
anos, negro, jovem e favelado como a imensa maioria das vítimas de nossa
violência, foi linchado após assaltar um bar em São Luís, no Maranhão.
Se em 1815 a multidão assistia, impotente, à barbárie, em 2015 a maciça
maioria aplaude a selvageria. Literalmente – como no subúrbio de São
Luís – ou pela internet. Dos 1.817 comentários no Facebook do EXTRA, 71%
apoiaram os feitores contemporâneos”, escreveu o jornal.
De acordo com o jornal
carioca, Cleidenilson e um menor de 16 anos teriam tentado assaltar a
mão armada um bar em São Cristóvão, mas foram surpreendidos pela reação
dos clientes. Enquanto Cleidenilson foi linchado, o menor foi agredido,
mas entregue às autoridades.
A Delegacia de Homicídios da capital maranhense, informa o Extra,
identificou dois suspeitos pelo crime e investiga a participação de
outras pessoas. Todos devem responder pelo crime de homicídio doloso
(com intenção de matar) e qualificado, pois a vítima não teve condições
de se defender. Segundo informou um delegado ao portal G1, “várias pessoas” que moram no bairro de São Cristóvão participaram do linchamento.
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