Posted: 07 Jul 2015 08:19 AM PDT
Vinicius Lima
Vinte por quês que exigem resposta (antes que seja tarde)
Por que a maioria dos
brasileiros acredita que um único partido político é responsável pela
corrupção? Por que defendem a volta dos militares?
1. POR QUÊ?
Os principais jornais e
revistas, as principais emissoras de rádio e de televisão, “contam”,
todos, “a mesma estória” sobre o que ocorre hoje no Brasil como se
houvesse um único supra editor a editar todas as notícias?
2. POR QUÊ?
2. POR QUÊ?
O Congresso Nacional eleito em
2014, com apoio ostensivo da grande mídia, adotou uma inédita pauta
conservadora que ameaça conquistas históricas de direitos humanos
fundamentais e desafia o equilíbrio entre os Poderes da Republica?
3. POR QUÊ?
3. POR QUÊ?
A Justiça brasileira, com o
entusiasmado apoio da grande mídia, investiga, prende, processa e
condena algumas pessoas, partidos e empresas enquanto outras pessoas,
partidos e empresas suspeitas de cometerem os mesmos crimes, são
blindados e não são investigados, presos, processados e nem condenados?
4. POR QUÊ?
4. POR QUÊ?
A opinião de alguns poucos
ministros do Supremo Tribunal Federal sobre questões jurídicas e
políticas está sempre presente na grande mídia e a de outros ministros
nunca está?
5. POR QUÊ?
5. POR QUÊ?
Os “experts” econômicos e
políticos entrevistados pela grande mídia são sempre os mesmos e suas
opiniões são sempre as mesmas e são sempre opiniões de oposição política
a alguns governos, independentemente de ser prefeituras, governadoria
de estados ou a presidência da Republica?
6. POR QUÊ?
A maioria dos brasileiros acredita que um único partido político é
responsável pela corrupção e/ou que apenas um partido político recebeu
dinheiro de empreiteiras para financiar campanhas políticas?6. POR QUÊ?
7. POR QUÊ?
Ao contrário do que ocorre nas
principais democracias do mundo, no Brasil, nada impede que empresas
concessionárias do serviço público de rádio e televisão também sejam,
nos mesmos mercados, proprietárias de jornais e revistas e produtoras de
conteúdo audiovisual, constituindo monopólios e/ou oligopólios de
informação e entretenimento?
8. POR QUÊ?
8. POR QUÊ?
As normas e os princípios da
Constituição de 1988 referentes à comunicação social não conseguem ser
regulamentados no Congresso Nacional, apesar da legislação básica do
setor ser uma lei caduca e desatualizada de 53 anos (1962)?
9. POR QUÊ?
9. POR QUÊ?
Os nove estados e o Distrito
Federal que incluíram nas suas Constituições e na sua Lei Orgânica a
criação de conselhos estaduais de comunicação, a exceção da Bahia, não
conseguem sequer debater o assunto?
10. POR QUÊ?
10. POR QUÊ?
O Conselho de Comunicação
Social, previsto no artigo 224 da Constituição Federal e regulado por
Lei como órgão auxiliar do Congresso Nacional deixou de funcionar desde
julho de 2014?
11. POR QUÊ?
11. POR QUÊ?
Qualquer tentativa de se
discutir um novo marco regulatório para a radiodifusão no Brasil é
imediatamente interditada sob a acusação de censura e, mais
recentemente, até mesmo comparada a propostas de Adolf Hitler?
12. POR QUÊ?
12. POR QUÊ?
Apesar do potencial democrático
da internet, no Brasil, ela está reproduzindo o predomínio das mesmas
fontes oligopolistas de informação da grande mídia além de,
paulatinamente, as redes sociais virtuais privadas começarem a controlar
o acesso a portais e sites, até mesmo daqueles que tem por função “a
crítica da mídia”?
13. POR QUÊ?
13. POR QUÊ?
Chegamos à situação
historicamente inédita de intolerância e ódio de brasileiros contra
brasileiros pela simples razão de que alguns pensam politicamente
diferente de outros, são de diferentes raças ou etnias, praticam
diferentes opções sexuais ou frequentam diferentes cultos religiosos?
14. POR QUÊ?
14. POR QUÊ?
Os que resistem e pensam
diferente dos principais colunistas e analistas da grande mídia começam a
ter medo de se expressar publicamente temendo represálias, até mesmo
violentas, por parte daqueles dos quais discordam?
15. POR QUÊ?
15. POR QUÊ?
Figuras públicas que ocuparam
posições relevantes em funções de Estado estão perdendo seu direito de
ir e vir ou de simplesmente frequentar um hospital ou um restaurante
temendo hostilidades verbais e até físicas?
16. POR QUÊ?
Brasileiros saem a praça pública e defendem a volta dos militares ao
poder ou a destituição de uma presidente legitimamente eleita pela
maioria dos eleitores?16. POR QUÊ?
17. POR QUÊ?
Ao contrário do que ocorreu em
relação à Copa do Mundo de Futebol (2014), agora não há um movimento
apoiado pela grande mídia contra a realização das Olimpíadas de 2016 no
Rio de Janeiro?
18. POR QUÊ?
18. POR QUÊ?
Contrariamente a todas as
evidências, ainda há gente acreditando que “o governo controla a mídia” e
que jornalistas como Rachel Sheherazade foram “obrigadas a parar de
falar mal de Dilma porque senão o governo cortaria as verbas de
publicidade às quais o SBT tem o direito de receber”?
19. POR QUÊ?
Não há uma narrativa pública alternativa ao discurso dominante da grande mídia e assiste-se dia a dia à desintegração política de um governo que às vezes dá sinais de autismo e outras de total incapacidade de defesa e reação?
20. POR QUÊ?
Chegamos onde estamos e nos sentimos perplexos diante do poder desmesurado de oligopólios de mídia partidarizados, diante da cumplicidade de jornalistas profissionais enredados numa engrenagem da qual não conseguem (ou não querem) sair e diante da inércia de Poderes da República que deveriam ser os garantidores do processo democrático?
19. POR QUÊ?
Não há uma narrativa pública alternativa ao discurso dominante da grande mídia e assiste-se dia a dia à desintegração política de um governo que às vezes dá sinais de autismo e outras de total incapacidade de defesa e reação?
20. POR QUÊ?
Chegamos onde estamos e nos sentimos perplexos diante do poder desmesurado de oligopólios de mídia partidarizados, diante da cumplicidade de jornalistas profissionais enredados numa engrenagem da qual não conseguem (ou não querem) sair e diante da inércia de Poderes da República que deveriam ser os garantidores do processo democrático?
Venício A. Lima é jornalista e
sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB
(aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros
(Cerbras) da UFMG e autor de Cultura do Silêncio e Democracia no Brasil –
Ensaios em Defesa da Liberdade de Expressão (1980-2015), Editora
Universidade de Brasília, 2015; entre outros livros.
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