Senadores do PSDB pretendem expulsar médicos cubanos do Brasil
No blog Pragmatismo Político
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) apresentaram projeto que proíbe cubanos no Mais Médicos.
Senadores ignoram a importância
desses profissionais na vida de quem antes não tinha acesso a médicos,
além da excelência do atendimento humanitário relatado pelos pacientes
Os senadores Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) apresentaram um projeto de decreto
legislativo (PDS 33/2015) para sustar o acordo que viabilizou o ingresso
de milhares de profissionais cubanos no Programa Mais Médicos.
Ao justificarem o projeto, os
senadores citam reportagem da revista Veja, segundo a qual funcionários
do Ministério da Saúde e da Opas admitiram que o termo de ajuste foi
usado para evitar o exame do tema pelo Congresso Nacional, o que seria
indispensável caso se celebrasse um acordo bilateral.
“O referido termo de ajuste,
firmado entre as partes, constitui ato normativo que exorbita do poder
regulamentar próprio do Poder Executivo.
Além disso, usurpa competência
legislativa do Congresso Nacional em matéria de tratados, acordos ou
atos internacionais”, concluem os senadores.
O projeto será analisado, inicialmente, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).A importância dos cubanos
A relevância do programa Mais Médicos e, principalmente, dos profissionais cubanos que integram o programa já foi relatada por centenas de pacientes. O início, porém, não foi de elogios.
Vítimas de uma resistência
orquestrada por grandes veículos de comunicação e bastante hostilizados
pelos partidos de oposição e por boa parte da classe médica brasileira
quando chegaram ao Brasil, os médicos cubanos mostraram que têm muito a
ensinar.
Um dos casos mais emblemáticos
ocorreu em Feira de Santana. O cubano Isoel Gomes Molina foi afastado da
Unidade Básica de Saúde em que trabalhava após uma médica brasileira
denunciar que o profissional teria receitado um remédio errado para uma
criança de 1 ano. Toda a comunidade se mobilizou em defesa do
profissional.
“Queremos ele de volta. Meu
filho melhorou logo graças a ele. Estão com raiva porque os cubanos
estão fazendo o trabalho que eles não querem fazer, pois os médicos
brasileiros tratam a gente como se fôssemos animais”, relatou a mãe de
um menino atendido por Isoel.
Uma sindicância foi aberta para apurar o caso e concluíram que o profissional de Cuba não havia cometido erro.
Benção
Moradores de Jiquitaia, um
povoado do interior cercado por cactos, bodes e gado esfomeado, antes
viajavam 46 quilômetros em estrada de chão para consultar um médico.
“Foi uma benção de Deus”, disse o agricultor Deusdete Bispo Pereira,
depois de ser examinado por dores no peito pela médica Dania Alvero, de
Santa Clara, Cuba. “Mudou 100 por cento. Todo mundo está gostando. A
gente tem medo que vão embora”, disse ele.Globo é obrigada a reconhecer, ao vivo, a qualidade dos médicos cubanos
Idosos e mulheres grávidas
lotavam o centro de saúde da família esperando ser examinados por Dania,
que é especializada em medicina preventiva, como a maioria dos médicos
cubanos.
Em municípios do Piauí,
historicamente castigados pela ausência de médicos, a mortalidade
infantil chegou a zero após a aparição dos profissionais cubanos.
As mudanças radicais foram
celebradas pela população. “O médico cubano dá atenção a gente,
pergunta, fica ouvindo, explica o que gente deve fazer, orienta os
exames. Eu achei melhor do que os outros, já fui atendido por vários”.
Desistência
Dos médicos estrangeiros e brasileiros que trabalham no Programa
federal Mais Médicos, os cubanos foram os que menos abandonaram a missão
até agora, com 0,2% de desistências.
O índice de abandono de médicos
de outras nacionalidades é de 0,8%. Em relação aos médicos brasileiros
que participam do programa o índice de desistência ultrapassa os 8%.
A medicina cubana
A medicina cubana
Internacionalmente aclamada, a medicina cubana tem outra visão de saúde.
“A chave [da medicina cubana] está na prevenção. Tenha bons hábitos. Em Cuba, existe o chamado doutor comunitário. Como um amigo, ele acompanha as pessoas de uma determinada região e visita os pacientes de surpresa.
“A chave [da medicina cubana] está na prevenção. Tenha bons hábitos. Em Cuba, existe o chamado doutor comunitário. Como um amigo, ele acompanha as pessoas de uma determinada região e visita os pacientes de surpresa.
É por isso que é comum, em Cuba,
você ver idosos se exercitando na praia. O resultado é que a
expectativa de vida em Cuba, a despeito das limitações econômicas
impostas pelo duríssimo embargo americano, é uma das maiores do mundo”,
diz o jornalista Paulo Nogueira.
No Brasil, a chegada dos médicos
cubanos provocou mudança de comportamento em outros profissionais. A
explicação para a mudança está na formação acadêmica: a medicina cubana
incentiva laços mais estreitos com os pacientes. “Os médicos que vêm de
fora colhem material para preventivo.
Alguns não faziam isso. Mandavam
sempre a enfermeira. Já ouvi muitos dizendo que agora vão fazer o
procedimento”, conta uma funcionária de uma unidade de saúde do Rio de
Janeiro.
Cuba desenvolveu há sessenta anos uma medicina única no mundo, que
alia a medicina moderna à medicina natural e tradicional. A ilha
caribenha obtém hoje os melhores resultados do continente em matéria de
saúde.
No Brasil, como já foi relatado,
os cubanos estão mudando a vida de milhares de brasileiros e
transformando as relações entre médicos e pacientes; são esses
profissionais que os senadores Cássio Cunha Lima e Aloysio Nunes querem
expulsar do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário