Dezenove anos se passaram. E lembrar sempre é bom. Lembro bem daquela manhã de domingo, quando repentinamente fui acordado pelo meu pai me falando daquela morte. Uma morte trágica mergulhada em mistérios e comoção. Em meio às ruas; por uma boca só; “calaram a voz do povo”. Esse era o sentimento. Imaginava se de tudo. Nunca que alguém intentasse contra a vida de um ativista. Logo aquele, bem perto de nós, e que tinha sido a atração do momento nos recentes comícios políticos. Fez do vernáculo jurídico a sua arma, falando coisa sobre coisa; de tudo um pouco; mesmo que na inobservância do contraditório e da ampla defesa. Macaíba parou. Foi centro das atenções da mídia da tragicidade. Pairou a dúvida, uma incerteza e um espirito sombrio. Foi nos como um onze de setembro; pois se desconstituía ali um mito; Um herói; um paradigma de toda uma geração que nutria admiração por ele. Advogado atuante, brilhante, de um raciocínio rápido, inteligente, aguerrido, audaz e de um discurso inquietante em meio à eloquência que proferia. Teve a ousadia de mexer com muitos interesses. Alguns escusos, outros, não tão escusos assim. A verdade é que seus admiradores liam naquela voz o eco; o grito; das minorias, dos exclusos e dos revoltados com o sistema. Estava eu entre esses jovens, ainda na minha insipiente jovialidade. Vivendo um sentimento de liberdade, de expansão dos conhecimentos, inundado nas melodias apelativas por ideologias novas a serem experimentadas. Naquela incessante busca por heróis a serem copiados. Coisas de gente jovem. Salutar! Lembrar se daquele dia é reviver o luto. Esquecer aquele dia é quase impossível. Afinal. Os nossos heróis não deixarão nunca de serem nossos heróis; mesmo que só façam parte de interstícios de nossa existência.
Memoráveis recordações do Advogado Francisco GILSON de Carvalho NOGUEIRA.
Por Eugênio Coentro