Um domingo de Micos
Por Luis Fauto - via Revista RN
A palavra não está em qualquer dicionário tradicional, mas na boca do
povo, na recente cultura popular, mico significa passar vergonha,
praticar uma idiotice, ser um jumento juramentado.
Muitos fizeram isso nesse domingo que passou.
No país inteiro e até em Mossoró e Natal, as principais cidades do meu Rio Grande do Norte.
Micaram aqui, micaram ali, micaram acolá.
Foi um mico geral, coisa nunca antes vista por esse Brasil inzoneiro.
Em Mossoró, por exemplo, o prefeito de lá, Silveirinha seu nome, parece
ter enlouquecido e pagou um mico fenomenal ao tentar transformar a festa
de Santa Luzia, padroeira da cidade, em comício eleitoral. Levou uma
estrondosa vaia em discurso que não cabia, não podia.
Em Natal, os defensores do impeachment inconstitucional da presidente
Dilma Rousseff se escoraram numa multidão cheirosa mas insuficiente até
para uma sala de aula e tiveram como líderes, patronos, dois
parlamentares investigados pelo Supremo Tribunal Federal – o senador
rabo-de-palha José Agripino Maia e o deputado fifty-fifty Rogério
Marinho.
E pelo Brasil inteiro, não foi diferente.
Em marchas de insensatez e de deformação histórica, gente que
instantaneamente virou piada pagou micos repetidos ao longo o dia. Mas
sequer conseguiram a cobertura esperada das TVs, porque eram tão poucos,
tão raros, e ridiculamente manipulados por uma penca de políticos
comprovadamente golpistas, que a notícia não valia, não cabia, não
existia.
TV, falei em TV? Não vi, claro que não, porque respeito o meu tempo e
não o gasto inutilmente, mas soube que o bobão Faustão tentou
desesperadamente transformar a entrega de prêmios dos melhores do ano em
um ato político de protesto contra a presidente da República. Deu-se
mal, muito mal, porque ao vivo as coisas não podem ser manipuladas e
editadas. Apenas Cássia Kiss caiu na esparrela, enquanto Alexandre Nero e
Tonico Pereira botavam ordem na casa e diziam o que o apresentador
babaca não esperava.
Micos, muitos e vários micos.
Micos para todos os gostos.
Como o do Aécio Neves, ainda inconformado com a derrota para a Dilma,
que foi um dos líderes do movimento de ontem e na hora H, no momento de
mostrar a cara, escondeu-se não se sabe onde.
Mico do Hélio Bicudo, o quase centenário jurista que assinou a
fraquíssima e inconstitucional petição do impeachment e ontem, coitado,
foi obrigado a subir em um carro de som e discursar para meia dúzia de
antas que a vida inteira ele combateu.
Micos, tantos micos.
Micos que as ruas definitivamente enterraram, arquivaram, porque não passavam de … micos.
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